segunda-feira, 31 de agosto de 2009

RETRATOS MALAUIANOS

Se ocorresse uma competição mundial para eleger qual a nação que tem o sorriso mais bonito do planeta, não há dúvidas de que Malawi seria um forte candidato ao título. É simplesmente incrível como, apesar da miséria enraizada na maior parte da sua terra vermelha, no meio de tanto sofrimento, o malauiano ainda é capaz de manter o bom humor, de sorrir por meio de simples gestos de felicidade. Essa “autogozação” talvez seja uma válvula de escape para sair de uma rotina de sofrimento, pensei em alguns momentos, enquanto tirava as fotos, enquanto observava uma a uma, crianças, mulheres, jovens e idosos, todas as pessoas que passavam por mim, enquanto mergulhava naquele batalhão de olhares dançantes, no entanto, a verdade é que essa capacidade de transmitir alegria vivendo no caos, ao mesmo tempo que é uma interrogação sem resposta exata, também foi uma lição de vida para este jornalista que vos escreve, e é esta aprendizagem que eu quero transmitir para os leitores do blog.
Neste ensaio fotográfico (selecionei algumas fotos para esta postagem, ainda tem muito mais para mostrar), realizado durante os dez dias que passei lá, a minha intenção não foi somente registrar a expressão de alegria, mas também captar a serenidade e a integração com o meio ambiente, com a rotina do dia-a-dia dessa população capaz de demonstrar uma energia pela vida dificilmente encontrada em outros lugares.


Dentro de uma casinha da aldeia, segundo o morador, essa parte é o quarto dele, a parede serve como guarda-roupa e a esteira, totalmente gasta, no chão é a cama.


Hora do almoço, criança comendo o sima, a única comida encontrada com facilidade nas aldeias, é um prato feito apenas com milho e mandioca.


Rapazes trabalhando na olaria, o povo malauiano é bastante trabalhador.


O milho é a principal fonte de alimento nas aldeias.


Crianças contentes ao receberem bolas de presente, assim como no Brasil, o futebol é o esporte preferido deles e uma das poucas diversões da garotada nas aldeias.


Rapaz transporta enorme quantidade de carvão na garupa. No Malawi a bicicleta é um precioso transporte de carga, em alguns locais ela é utilizada como táxi.


Garoto faz sinal de positivo, imitando o fotógrafo já que no país esse gesto não é conhecido.


Como a Aids está dizimando o continente africano, é enorme a quantidade de órfãos nas aldeias. O irmão mais velho fica responsável em cuidar do menor,


por isso, é muito frequente ver essas cenas de zelo e cuidado entre os irmãos.


Este senhor, riso brilhante, vende tomate na beira da estrada.


Esse outro também é vendedor de tomate, na frente da barraca dele faz um sinal mostrando as duas palmas da mão, pelo que eu entendi esse é o sinal de positivo do malauiano.


E aqui, algum amigo do “Projeto Malawi”, tirou essa foto na qual me divertia com algumas crianças, “ensinando uns golpes de Kung Fu”.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

NA BEIRA DAS ESTRADAS É COMUM O COMÉRCIO DE ESPETOS DE RATO



Ele está em pé, no acostamento, em algum trecho da Highway Kamuzu Banda, acenando para os veículos que passam tinindo por uma das principais estradas do país, o objetivo é chamar a atenção do motorista para vender o seu produto: espeto de rato, constituído na verdade em dois pedaços de bambus, amarrados, unidos, por barbantes que assim seguram o alimento no ar.
Seu nome é Charlo, tem 22 anos, está com uma camisa bem suja de terra, uma calça mais comprida do que as prórpias pernas. Ele diz que já faz um bom tempo que ganha a vida dessa maneira. No dia-a-dia, principalmente, entre julho e agosto, período de alta temporada, época que Malawi recebe um elevado número de turistas, sempre acontece de algum gringo pagar só pra ver e tirar foto dele comendo um rato.
Diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil, pelo menos em termos de habitat, não se trata de um rato de esgoto e sim do mato, das savanas, aliás, conforme as palavras de Charlo, ele perde bastante tempo para caçá-los.
É claro que não só para o hábito, mas também para o imaginário americano e europeu, tal alimentação é muito fora da normalidade, talvez até mesmo em Malawi, já que nas ruas do centro, nas proximidades dos grandes comércios da capital, em nenhum momento, este jornalista e blogueiro do Projeto, registrou tal tipo de mercadoria.
Por isso, acredito que não seja algo de gosto ou de venda popular na região, existe, no entanto, como mais uma fonte de sobrevivência, acredito que devido à situação de miséria, tocante aos problemas de origem social, foi isso que pude perceber nas minhas andanças por lá, tanto que não aconselho a nenhum turista sair andando pelas ruas de Lilongue com um espeto desses, pode soar de modo zombeteiro à população.
Muito risonho e expressivo, Charlo, apesar da forte aparência de jovem carente, quando percebe que foi acionado apenas para conversar dá dois passos para trás, faz um gesto de até logo, e volta a acenar os “espetos” de rato para outros veículos, afinal, esse é o trabalho dele, e tempo é dinheiro.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

COM A ESCOLA EM ATIVIDADE ENTRA EM CENA A DEDICAÇÃO DOS PROFESSORES



Bainet M. Kayra, um homem com expressão rude, mas de olhar sereno e gestos tranquilos, está na casa dos 43 anos, formado em Pedagogia, ele ocupa o cargo de diretor do novo centro escolar “Teresinha Jesus de Oliveira”. Fora essa função acumula as tarefas de professor de Inglês, Matemática e de Ciência e Tecnologia.
Antes desse emprego, Kayara chamado pelos amigos, em chichewa, de Chalima, era funcionário de limpeza no “Aeroporto Internacional Kamazu Banda”, aqui de Malawi.
Agora, nesse novo trabalho, o dia começa cedo, antes do sol dar as boas vindas, acorda por volta das 5h, se arruma e toma café, saindo de casa às 6h, aqui, inicia uma caminhada de aproximadamente uma hora em estrada de terra até achegar na escola. No país há poucas linhas de ônibus, sem falar que para malauiano é uma essencial economia no orçamento do mês, não só ir ao trabalho, mas também se locomoverem na cidade a pé ou de bicicleta.
Então, nesse cenário de precariedade de transporte ele percorre cerca de 7km até a sua cadeira de diretor. Por volta das 15:30, horário que o sol ainda se encontra forte, queimando o solo, ele, com o dever cumprido, deixa a escola percorrendo todo o percurso novamente a pé, e detalhe: durante todo esse período não faz nenhuma refeição, só quando chega em casa.



Já a professora Jollyn Q’umilonde, 28 anos, cuja grande virtude, segundo ela, é a paciência que tem em lidar com crianças também é responsável em ensinar inglês aos alunos, uma das matérias mais importantes, em termos práticos, pois essa é a língua oficial do país junto com o chichewa, e quem a domina, aliás, assim como acontece no mundo todo e não poderia ser diferente em Malawi, tem a chance de arrumar um emprego melhor, como funcionário de hotel, ou em comércios da capital, conta que a escola deu novos ares para as aldeias locais.
Todos os professores serão remunerados pelo governo malauiano, mas fora o salário, a parte financeira, fica evidente que eles precisam de muita dedicação e a força de vontade para driblarem os obstáculos comuns num país com pouca infra-estrutura.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

CONFIRA MAIS FOTOS DA INAUGURAÇÃO DA ESCOLA



O diretor do Projeto, Silas Josué de Oliveira, cortando a fita comemorativa, acompanhado pela ministra Patrícia Kaliaty e pelo Thomas, diretor da Fundação responsável pela escola.



Garoto da aldeia faz discurso de agradecimento pela escola e arranca fortes aplausos da platéia.



Mulheres dançam em homenagem à chegada da equipe do Projeto Malawi no evento de inauguração.



Crianças esbanjam swing e molejo na apresentação de dança, pontuada por uma bela coreografia.



Menino com a camisa do Kaká, o futebol também é o esporte favorito do malauiano.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

ALEGRIA E ESPERANÇA MARCAM A INAUGURAÇÃO DA ESCOLA FEITA PELO PROJETO MALAWI


Apesar da miséria tomar conta desse país africano ela não tira o sorriso da população carente, muito pelo contrário, a todo o momento o malauiano esta pronto para um gesto de felicidade.


Na inaguração da escola “Jhon C. Thomas Childrens Foundations” realizada no último dia 12 de agosto, a ministra da “Infância Feminina e do Desenvolvimento da Comunidade”, Patricia Kaliati, fez um discurso que, apesar de longo e sob um sol abrasador, provocou risos, palmas e gritos de celebração entre os presentes.

Ela falou sobre a importância da escola na vida de uma criança, depois comentou sobre o poço cartesiano feito pelo projeto e ressaltou o fato que desde o funcionamento não houve registro de nenhuma morte por diarréia ou outros tipos de doenças provocadas por água suja nas aldeias beneficiadas.

O diretor do “Projeto Malawi”, Dr. Silas Josué de Oliveira, foi breve e objetivo nas palavras, disse que se sentia honrado em poder ajudar o país a construir uma infra-estrutura e, principalmente, em gerar esperança no futuro da nação.

Além dos pronunciamentos das autoridades presentes, apresentações de danças completaram a comemoração do evento inaugural. As mulheres, assim como as crianças, cantaram e dançaram, esbanjando molejo e alto-astral.

Se por um lado, na terra vermelha desse território localizado no sudoeste do continente africano, a miséria vive num estado avançado, totalmente devastador, por outro, existe alguns contrastes notórios, apesar dessa brutalidade social, a população que mora nas aldeias, possui um dos sorrisos mais naturais e irreverentes do mundo.

Conforme o pensamento do vice-diretor Ozéias Paulo da Silva, a grande satisfacão do "Projeto Malawi" é ver o malauiano com muito mais motivos para comemorar, a construção da escola, segundo ele, foi apenas o primeiro passo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

EM NOME DE NOBRES CAUSAS

Madonna, Angelina Jolie Brad Pitt são alguns exemplos de astros atuais que alertam o mundo para a necessidade de ajudar os países mais pobres do planeta. Mas não é de hoje que artistas se sensibilizam e acabam agindo em favor de causas humanitárias.


Capa do CD do projeto musical e social idealizado, em 2003, por Bono Vox, líder e vocalista do grupo U2.

Se nós começarmos a pesquisar a quantidade de celebridades que já contribuíram de alguma forma pelas populações mais carentes, não há dúvidas que teremos uma lista imensa.
Como ainda não saberia enumerar tal lista, cito um exemplo que eu tenho aqui em casa, aliás, está tocando no meu computador enquanto escrevo este texto.
Drop the Debt, este é o nome do CD lançado em 2003, carregado por um viés político “a favor do cancelamento das dívidas externas”, levantando uma bandeira em apoio aos países do terceiro mundo. Lado social à parte, o álbum reúne grandes músicos e cantores, tanto da África quanto da América Latina.
Do continente africano, destaque para a participação de Oliver Mtukudzi, do (Zimbábue) com o seu canto melancólico e gostoso aos ouvidos, sem falar no zoblazo de Meiway, da Costa do Marfim, e do caprichado dueto de Faya Tess e Lokua Kanza, do Congo. Já a cabo-verdiana Césaria Évora, outra excelente cantora que deu o ar da graça nesse projeto musical, pede justiça social com a música “Quem pode”.
Tocante a participação do Brasil, quem marcou presença foram Chico César, Fernanda Abreu, MV Bill, Lenine e Tribo de Jah. Ao total são dezesseis faixas formando um timaço de artistas.
O CD foi produzido pela ONG francesa Dette & Developpment, que aprovou a idéia de Bono Vox - conhecido também pelo envolvimento em causas assistenciais - sobre uma maneira de focar os olhos do mundo em relação ao fato, no caso específico do CD, dos países pobres terem de destinar 50% do PIB ao pagamento da dívida externa, deixando, assim, de investirem em itens importantes como saúde, saneamento básico e educação.
Além de craques na música, essas celebridades também são certeiras quando o assunto é ajuda ao próximo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

CAMISETAS DE DIVULGAÇÃO



Uma das novidades nessa viagem, como foi comentado no texto anterior, é que a equipe deve se apresentar não só na inauguração da escola, mas também em outras situações de cerimônias ou reuniões, vestindo a camisa de divulgação do Projeto Malawi, criada pelo consultor de marketing Fábio Siqueira.
Para ele a criação da camisa, como a de todos os produtos personalizados é de extrema importância para dar uma visibilidade em todas as ações praticadas da instituição. Nessas em questão ele revela não só processo de criação, mas também o objetivo. “Com uma forma bem dinâmica e de estilo esportivo, duas opções foram criadas para vestir os gestores, coordenadores e apoiadores. Uma delas é a camisa preta, onde a cor escura é universal, dando visibilidade na logomarca institucional do projeto”, explica.
Em relação ao desenho estampado na lateral da camisa é uma referência ao país africano. “No que diz respeito às cores, usei o sol no mesmo formato que aparece na bandeira malauiana, a idéia é homenagear a nação por meio de uma simbologia já conhecida deles”, argumenta Siqueira, que finaliza dizendo que a camisa branca cuja logomarca promocional é “Projeto Malawi, Amor Sem Fronteiras” foi feita no mesmo entendimento da de cor preta.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MALAWI À VISTA

Membros e colaboradores do Projeto seguem ao país africano para evento inaugural da escola que deve atender cerca de 1.500 crianças, além de realizarem trabalho de campo.



No próximo dia 10 de agosto, integrantes e colaboradores partem destino ao Malawi, onde acontece a inauguração da primeira rede de ensino localizada entre as três aldeias, que serão beneficiadas pela iniciativa, situadas a cerca de 25km da capital Bilongue.
O evento está marcado para o dia 12, data escolhida para poder contar com a participação especial do presidente malauiano, Bingu wa Mutharka.
Alguns membros da equipe vão ao país pela primeira vez a trabalho de campo, como no caso do produtor de vídeo Neo Nassif, cuja missão é fazer todo o processo de captação de imagens que serão transmitidas em programas veiculados em canais de TV.
Assim como Nassif, também é estreia deste jornalista que vos escreve, agora, frequentemente, no blog. Nessa jornada tenho um papel parecido com o de Pero Vaz de Caminha na tripulação de Cabral ao descobrir o Brasil. Longe de mim, querer me comparar ou anunciar que serei tão preciso e fluente nas minhas matérias como foi o famoso escrivão, autor da “certidão de nascimento do Brasil”, ao registrar na sua histórica carta detalhes minuciosos de como era a nova terra que haviam descoberto.
Apenas cito essa figura para ilustrar a importância e a responsabilidade que um jornalista carrega quando trabalha como enviado especial.
Se eu conseguir mostrar as contradições e as emoções do malauiano por meio de abordagens culturais, sociais, exóticas, religiosas, geográficas e, principalmente, humanas, já serão gratificantes.
Não é fácil ser um repórter longe de casa, distante do próprio idioma e dos seus costumes. No entanto, essa dificuldade, que é normal, faz parte da profissão, afinal, as viagens estão para a vida do jornalista como a luva na vida do goleiro.
Apesar de nunca ter ido lá, de não ter conferido de perto as particularidades da população da África, mesmo sendo a primeira vez que verei de perto as profundeza das suas selvas e dos seus rios, carrego uma opinião na minha mente que tentarei confirmar nessa viagem, o fato da África mesmo tendo sido colonizada durante grande parte da sua história, acredito que ela nunca foi conquistada, e isso, creio eu, simboliza a força das nações africanas.